Por que História da Joalheria?
Por Ana Passos
Desde sempre nos apropriamos de objetos que são dispostos sobre o corpo, para dar a conhecer o que sentimos, o que pensamos, em que acreditamos ou como nos organizamos. Talvez por esta familiaridade ancestral com os adornos e ornamentos, não nos preocupemos em buscar uma explicação para sua importância em nossas vidas. Pouco consideramos a necessidade de entender, por exemplo, o que um adorno significa, retirada a primeira camada de sentido, a estético.
O que dizer então das joias que costumam permanecer envoltas numa bruma de futilidade e ostentação? Especialmente para nós joalheiros, há que se entender como são criadas, produzidas, desejadas e compreendidas ou como exercem seu fascínio sobre nós. A joia é quase sempre relacionada ao luxo e ao glamour por conta dos materiais envolvidos. Um olhar desatento pode restringir seu entendimento. No melhor caso, os estudos sobre o tema o vinculam às artes plásticas, à indumentária e à moda, não refletindo sobre as circunstâncias específicas de seu uso, criação e apreciação. Neste contexto, não são levados em consideração o descobrimento de novos materiais ao longo dos séculos, a crescente complexidade de técnicas, as práticas e as representações em torno do objeto cultural joia.
Sendo assim, o estudo da história da joalheria é necessário e importante para nós designers, artesãos e artistas. Ele nos permite:
- entender o que é uma joia, conceito mais do que nebuloso e que cada um de nós precisa ter muito claro, para saber que caminhos trilhar;
- ampliar o espectro de referências históricas, para ser capaz de reconhecer, apreciar e descrever os contornos da produção de cada época, localizando-a em termos tecnológicos e culturais e usufruir de mais possibilidades tanto técnicas quanto estéticas;
- consolidar nosso repertório criativo, para subsidiara definição de propostas conceituais próprias e originais, bem como sua criação, produção, comercialização, divulgação.
A joia é múltipla como são múltiplos seus significados. A lista é quase infinita. As dimensões deste objeto de estudo nos obrigam a seguir algumas pistas e abandonar outras. O que importa é constituir um conjunto de conhecimentos que nos ajude a aprimorar a forma de desenhar, criar, escolher, comprar, usar, cuidar, guardar e descartar joias. Estas e outras questões compreendidas a partir de um enfoque histórico e cultural podem nortear a criação, produção e comercialização de joias de maneira mais consistente, de forma mais elaborada e em sintonia com o espírito dos tempos e com o desejo das pessoas.
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